IPCA tem deflação de 0,04% em setembro e cai abaixo de 3% em 12 meses

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, recuou 0,04% em setembro, influenciado principalmente pela queda nos preços de alimentos, segundo divulgou nesta quarta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se do menor resultado para um mês de setembro desde 1998, quando o IPCA ficou em -0,22%, e da primeira deflação desde novembro do ano passado (-0,21%). Em setembro de 2018, a taxa foi de 0,48%.
Com o resultado, o índice acumula alta de 2,49% no ano, também o menor resultado desde 1998 para os 9 primeiros meses do ano.
Em 12 meses, o IPCA desacelerou para 2,89%, ante os 3,43% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores, ficando ainda mais abaixo da meta de 4,25% definida pelo governo para o ano, o que reforça as apostas de novos cortes na taxa básica de juros, atualmente em 5,5% ao ano, mínima histórica.
É a primeira vez desde maio de 2018 que o índice fica abaixo de 3% no acumulado em 12 meses

Alimentos puxam queda da inflação

Na passagem de agosto para setembro, houve deflação em 3 dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE.
A queda no IPCA foi puxada, segundo o IBGE, principalmente pela redução de 0,43% nos preços dos alimentos e bebidas, que caíram pelo segundo mês seguido. O grupo foi responsável pela maior contribuição negativa no IPCA de setembro, com impacto de -0,11 ponto percentual.
Entre os itens que ficaram mais baratos, destaque para alimentação no domicílio (-0,70%), tomate (-16,17%), batata-inglesa (-8,42%), cebola (-9,89%) e frutas (-1,79%).
“Os tubérculos, raízes e legumes tiveram quedas de preços expressivas em setembro, ajudando a puxar o índice para baixo, assim como as hortaliças e frutas. Do lado das altas, destaque para óleos e gorduras, principalmente o óleo de soja”, afirmou Pedro Kislanov da Costa, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços.
Já o grupo “artigos de residência” teve deflação de 0,76%, com destaque para a queda nos preços de eletrodomésticos e equipamentos (-2,26%) e itens de Tv, som e informática (-0,90%).
Já do lado das altas, o destaque ficou com Saúde e cuidados pessoais (0,58%), pressionado pelo aumento dos planos de saúde (0,57%).
Veja a inflação de setembro por grupos e o impacto de cada um no índice geral:
  • Alimentação e Bebidas: -0,43% (-0,11 ponto percentual)
  • Habitação: 0,02% (0 p.p.)
  • Artigos de Residência: -0,76% (-0,03 p.p.)
  • Vestuário: 0,27% (0,02 p.p.)
  • Transportes: zero (0 p.p.)
  • Saúde e Cuidados Pessoais: 0,58% (0,7 p.p.)
  • Despesas Pessoais: 0,04% (0,01 p.p.)
  • Educação: 0,04% (0 p.p.)
  • Comunicação: -0,01% (0 p.p.)
Segundo o IBGE, 10 das 16 regiões do país apresentam deflação em setembro. “O menor resultado foi em São Luís (-0,22%), por causa da queda na energia elétrica, e o maior em Goiânia (0,41%), que foi uma das poucas regiões que teve altas de alimentos e gasolina”, destacou Costa.

Perspectivas e meta de inflação

A meta central de inflação deste ano é de 4,25%, e o intervalo de tolerância varia de 2,75% a 5,75%. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que foi reduzida na semana passada de 6% para 5,5% ao ano – a menor da série histórica do BC, que começou em 1986.
Na ata da sua última reunião divulgada nesta terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) projetou inflação abaixo da meta para 2019 e 2020 e indicou novo corte nos juros básicos da economia.
Os analistas das instituições financeiras continuam projetando para o ano uma inflação abaixo do centro da meta central do governo, com uma taxa de 3,42% em 2019, segundo dados do boletim Focus do Banco Central. Para 2020, o mercado financeiro manteve a estimativa de inflação em 3,78%. No próximo ano, a meta central de inflação é de 4% e terá sido oficialmente cumprida se o IPCA oscilar entre 2,5% e 5,5%.

G1

FALA PARAÍBA-BORGES NETO

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