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Adriana Calcanhotto lança "Só", novo disco com canções compostas e gravadas durante pandemia de covid-19
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“O que temos são janelas”. Um dos versos cantados por Adriana Calcanhoto em seu mais recente trabalho musical. “Só”, feito na maçaroca do isolamento social motivado pela pandemia do Covid-19, está marcado, claro, por elementos sonoros e poéticos da solidão e de alguma melancolia. Mas não é uma peça triste.
Diria que carrega um minimalismo da urgência, como tudo o que estamos vivendo enquanto experiência social nestes meses. O disco tem elementos do passado, sem ser passadista – e isso já é indicado em sua própria capa: uma foto de antiga máquina de escrever, com sua clássica fita em preto e vermelho.
Por uma economia forçada de símbolos, sinais e tecnologias, o clipão de “Só” nos remete a muitos videoclipes de bandas e cantores dos anos de 1980 – com presença marcante de objetos do cotidiano e efeitos de luz. A sonoridade dialoga com toda a história de Adriana, com direito a um funk da quarentena.
Tem elementos de funk e de samba, o cd lançado na madrugada desta sexta-feira (29). E a cantora, na maior parte do tempo do clipão aparece usando sempre roupa branca, lembra, de algum modo, movimentos da estética corporal de Laurie Anderson e do minimalismo hospitalar de Yoko Ono em uma de suas instalações.

Esse passado também surge em músicas que lembram “Marítimo” (1998) e “Senhas” (1992). Este último criado, como a própria cantora falou em uma entrevista, no ambiente da solidão. Mas, a grande diferença entre o passado e o presente está no aspecto da ausência de liberdade. Quer dizer: uma coisa é um artista manter-se em solidão voluntária para alavancar uma criação qualquer. Outra, é esta solidão atual motivada por uma pandemia do Covid-19 que retira vidas todo dia, toda hora.
O cd “Só” indica também como cada artista mantém seu processo criativo frente o isolamento. Alguns avançam e mostram seus “defeitos de fabricação”, como diria Tom Zé. Outros paralisam. Uns tantos fazem lives. Uns escrevem ou silenciam com as palavras e os pincéis. O esforço é para se manter dentro de uma esfera criativa em um mundo no qual só sobram janelas e quintais como espaços de mobilidade e de vida – no desejo de um dia vagar pelas ruas da cidade.
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