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Justiça decide que estudante de Medicina será transferida de João Pessoa para Campina Grande para acompanhar tratamento de saúde da mãe

A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região – TRF5 deu provimento ao pedido de uma estudante que solicitou a transferência da graduação de medicina de uma faculdade em João Pessoa para outra em Campina Grande, a fim de acompanhar o tratamento de saúde da mãe, sem interromper os estudos. 
A decisão colegiada levou em consideração as garantias constitucionais do direito à saúde e à educação, para permitir a transferência do curso, mesmo sem previsão legal, diante da necessidade de acompanhamento de pessoa da família em tratamento de saúde. O desembargador federal Manoel Erhardt é o relator do caso.
A universitária estudava na Faculdade de Medicina Nova Esperança (Famene), em João Pessoa. Em agosto de 2019, a mãe da autora foi diagnosticada com Neoplasia de Mama (CID C-50) – Estágio III.
Inicialmente, o tratamento começou a ser realizado na cidade de João Pessoa. Com o passar dos meses e o avanço da doença, a paciente foi transferida do hospital público da capital paraibana para um hospital localizado em Campina Grande, onde havia o medicamento necessário à continuidade da quimioterapia. 
Por ser a única parente próxima da mãe, ela requereu administrativamente a sua transferência para a Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas — UNIFACISA, em Campina Grande. Administrativamente o pedido foi negado pela faculdade. 
Na Justiça Federal da Paraíba, a 6ª Vara também negou o mandado de segurança impetrado pela estudante.
Para o desembargador federal Manoel Erhardt, a falta de previsão legal não pode ser o único critério a ser levado em consideração. “Vislumbro que deve ser admitido, excepcionalmente, a concessão da transferência ex officio. Com efeito, a ausência de previsão legal de transferência de discentes entre universidades públicas, quando o pedido está fundamentado em imperiosa necessidade de tratamento de saúde dele próprio ou de pessoa da família, deve ser sopesado em consonância com as garantias constitucionais do direito à saúde e à educação”, afirmou o relator no voto.
O relator citou precedente do próprio órgão colegiado, reproduzindo trecho do processo nº 08021300520174058100, de relatoria do desembargador federal Lázaro Guimarães, julgado em 16 de maio de 2019. “Nesse sentido, trago à baila precedentes desta douta Quarta Turma que ao julgar situações análogas, reconheceu a excepcionalidade do caso concreto analisado, exaltando o princípio da equidade, razoabilidade e da dignidade da pessoa humana, e assegurou a transferência de estudante do ensino superior de uma instituição de ensino para outra, diante da necessidade de acompanhamento de pessoa da família em tratamento de saúde”, enfatizou no acórdão.
Para o órgão colegiado, é evidente a necessidade de a estudante permanecer perto da mãe neste momento. “Verifica-se, no caso vertente, a existência de documentação coligida aos autos pela impetrante, demonstrando a gravidade da doença de sua genitora, bem como a necessidade de continuidade do tratamento, que é realizado na cidade de Campina Grande. Ademais, a necessidade da presença da apelante junto à sua genitora resta patente pelo fato daquela ter trancado a matrícula do curso de Medicina, após o indeferimento administrativo de seu pleito de transferência”, concluiu Erhardt.
O julgamento da apelação cível foi realizado no dia 28 de julho. Participaram da sessão telepresencial os desembargadores federais Edilson Nobre e Carlos Vinícius Calheiros Nobre (convocado). As faculdades ainda podem recorrer da decisão.
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