Quase 3 mil pessoas podem ficar sem assistência em João Pessoa se portarias de saúde mental forem revogadas por Bolsonaro

 

Programas de saúde mental podem acabar em João Pessoa, deixando milhares de pessoas desassistidas, assim como em todo o Brasil. O jornalista Guilherme Amado informou em sua coluna na revista Época, que o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe planejam revogar cerca de cem portarias sobre saúde mental. As revogações poderiam acabar com programas como o Serviço Residencial Terapêutico; o Programa de Volta para Casa; o Consultório na Rua; entre outros, além de colocar em risco toda a Rede de Atenção Psicossocial.

De acordo com a coordenadora da Saúde Mental em João Pessoa, Alessandra Gomes da Cruz, só os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da Capital, atendem mais de 2.700 pessoas. O acompanhamento é oferecido para diversos tipos de transtorno mental como depressão, esquizofrenia e dependência química de álcool ou drogas.

Outras 30 pessoas vivem nas três residências terapêuticas que existem na cidade. São antigos internos do Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, que agora recebem um tratamento mais humanizado na residências. ''Eram pessoas que antes nem se vestiam e agora tomam banho, se arrumam, fazem serviços domésticos, as mulheres pintam as unhas. Ou seja, dá resultado'', disse Alessandra.

''Isso fora o serviço de pronto-atendimento'', destacou Alessandra, afirmando que a revogação das portarias seria um retrocesso enorme na atenção à saúde mental. Ela lamentou que o Governo Federal cogite essa possibilidade no meio de uma crise como a pandemia de covid-19. ''A procura pelos serviços aumentou assustadoramente durante a pandemia'', contou. 

Segundo ela, o isolamento social tem causado distúrbios como depressão, ansiedade e síndrome do pânico em parte da população. Além disso, é comum que pessoas que tiveram covid-19 desenvolvam algum desses distúrbios, assim como famílias que perderam algum ente querido para a doença.

A diretora do Caps Infantil de João Pessoa, Luanna Campos de Oliveira, ressaltou que o acolhimento a crianças e adolescentes é um projeto pioneiro e é mantido pelo município. O Caps atende 540 crianças e adolescentes que buscam tratamento para a dependência química. Ela também lamentou que diversos serviços de atenção à saúde mental possam acabar caso as portarias sejam revogadas.

Para Luanna, a possibilidade de os serviços serem mantidos é praticamente nula caso não se receba mais verbas federais. ''É muita coisa para o município sustentar sozinho'', avaliou.

Protesto - Entidades representativas das áreas de psicologia e assistência social, entre outras, estão organizando uma manifestação virtual para o próximo dia 16 ''em defesa do SUS e pelo cuidado em liberdade''. A partir das 12h, serão exibidos vídeos feitos em diversos Caps de todo o país para conscientizar a população sobre a importância dos serviços.

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