Especialistas comentam efeitos da pandemia no desenvolvimento infantil

 

Quando o novo coronavírus começou a se espalhar pelo mundo, muitos de nós esperávamos que a onda de paralisações generalizadas fosse algo de curta duração, pouco mais do que um pontinho em nosso radar coletivo. Agora, um ano depois de uma tragédia mundial que virou nossa sociedade de cabeça para baixo e deixou mais de 2,6 milhões de mortos, a conversa mudou e especialistas comentam o surgimento da Geração C, a geração Covid.

Segundo Haim Israel, um dos maiores estudiosos do tema (Covid19), as situações nas quais achávamos que tudo seria momentâneo desapareceram há muito tempo. Não é mais uma questão de pensar se esta pandemia moldará uma geração inteira. Mas sim como isso vai acontecer. Alguns especialistas começaram a usar um novo termo para falar sobre as mudanças sísmicas que estão observando – mudanças que podem causar efeitos em cascata na vida das crianças no futuro Eles deram um novo nome a mais nova geração do mundo: Geração C ou Geração Covid. “A Covid-19 é um grande megaevento na história da humanidade”, afirmou Haim, que descreveu assim a Geração C. “Vai ser o momento mais marcante para esta geração”.

Para a psicopedagoga Izabel Nicolau todas as crianças que estão vivendo esta situação mudaram o comportamento e essa alteração deve perdurar. “É uma geração que está vivenciando algo novo. Elas são muito mais afetadas por não terem maturidade para entender do que se trata. Sabem que existe algo lá fora que não é legal, mas não têm noção da gravidade”, constatou.

Ainda segundo ele, essas crianças, têm grandes chances de se tornarem ansiosas, angustiadas, frustradas e, algumas, talvez, conseguirão ser mais resilientes e adaptáveis à mudança. Esse desenrolar depende de cada uma, e a família tem papel fundamental nesse processo. A terapia, que sempre fez parte da vida de alguns adultos e adolescentes, vai passar a fazer parte da vida delas também. “Nunca se falou tanto em inteligência emocional infantil. O número de crianças precisando de apoio emocional, psicológico e até psiquiátrico tem aumentado. Essa vai ser a diferença das nossas crianças que foram afetadas por esse momento”, afirma a especialista. A pandemia está moldando uma geração inteira e é preciso discutir formas de não deixar o impacto ser tão grande, principalmente nas crianças, sejam elas nascidas ou não nessa geração C”, disse a psicóloga.

Definir uma geração não é simples, afirmam os especialistas. Os nomes que usamos para falar sobre grupos de pessoas nascidas em qualquer período podem mudar com o tempo – às vezes porque o que parecia ser um evento definidor, mais tarde acaba se revelando menos influente do que outras forças em jogo, às vezes porque um termo diferente ganha impulso e se fixa.

As gerações recentes
Definir uma geração não é fácil e, às vezes, os nomes que usamos mudam com o tempo. Aqui está como as gerações foram definidas ao longo do século passado:

Geração Silenciosa: Nascidos entre 1925-1945

Baby Boomers: Nascidos entre 1946-1964

Geração X: Nascidos entre 1965-1980

Millennials: Nascidos entre 1981-1996

Geração Z: Nascidos entre 1997-? (sem final definido)

Geração C: ?*

*Enquanto alguns especialistas vêm usando o termo “Geração C” para se referir ao impacto da pandemia de coronavírus nas crianças, estudiosos em diferentes áreas até agora têm definições diferentes de quando esta geração começa e termina.

A definição de Israel da Geração C inclui crianças nascidas de 2016 a meados da década de 2030, já que, segundo ele, as mudanças que estamos testemunhando são tão dramáticas que mesmo crianças nascidas anos após o fim da pandemia ainda verão isso moldar suas vidas.

PB AGORA


FALA PARAÍBA-BORGES NETO

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