Artista uruguaio Jorge Drexler lança “Tinta Y Tiempo” e cantará no Brasil em setembro

 

Já está tocando nos quatro cantos, Tinta y Tiempo, o novo disco de Jorge Drexler, seu primeiro em cinco anos, desde Salvavidas de Hielo (2017). O disco é resultado da pandemia que tirou muitos artistas de circulação e não de produção, como aconteceu no mundo todo. Nesse som, Drexler explora um plus de sonoridades e questões cotidianas e íntimas da sua vida. Selo da Sony Music.

Tinta y Tiempo é uma nova etapa na carreira profissional de Jorge Drexler Após 30 anos de trajetória musical, ele é um artista completo. Tinta y Tiempo, chega junto com o videoclipe (assista aqui) dirigido por Joana Colomar, diretora e colaboradora habitual do uruguaio, responsável por seus dois últimos videoclipes – um filme em preto e branco que desafia as urgências da nossa época e parece frear o tempo que acompanha a canção de mesmo nome.

A canção Tinta y Tiempo que dá nome ao disco, é uma dessas canções em que Drexler se reafirma como compositor e como intérprete, um tema que pulsa a criação artística.

O autor está nas paradas de seu processo criativo e sucesso de composição, em uma leva de canções novas.

Trata-se de um disco elaborado, criativo, evolutivo, que explora diferentes sonoridades. A capa é branca, símbolo da paz, da claridade é o retrato atual do artista que fez canções, que falam da vida da gente.

Os arranjos de Fernándo Velázquez, que dirige a Orquestra da Comunidade de Madri e fez um trabalho à altura das letras de Drexler A produção do álbum foi dirigida por Carles “Campi” Campón e pelo próprio Jorge Drexler, com ideias de outros produtores como Víctor Martínez, C. Tangana, Rafa Arcaute, Federico Vindver, Didi Gutman e Pablo Drexler, filho do artista. A mixagem ficou por conta do engenheiro brasileiro Daniel Carvalho, tarefa que também realizou nos últimos discos de Caetano Veloso e Marisa Monte, entre outros. Todos eles firmaram o potencial talento para o elevado Tinta y Tiempo.

Com a estreia de Tinta y Tiempo, Jorge Drexler inicia uma turnê de apresentação internacional, que já tem datas confirmadas em países como Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Estados Unidos, Espanha e Brasil.

Jorge Drexler é um compositor e cantor uruguaio com uma intensa carreira profissional ligada à música e às artes. Já gravou 14 álbuns de estúdio e deu concertos por todo o mundo. Durante esse período, seu trabalho foi premiado com um Oscar (2005), cinco Grammys Latinos (2014, 2018), um Goya (2011) e um Silver Biznaga, entre outros reconhecimentos.


Ele é médico de formação, mas na metade da década, a música falou alto. Deixou a vida no Uruguai e está radicalizado na Espanha, onde se dedica integralmente à música e à composição.

O artista falou com o MaisPB, via zoom e revelou sentimentalidades, profissionalismo e anunciou em primeira mão a chegada da turnê Tinta y Tiempo ao Brasil, com apresentações em Curitiba no Teatro Guaira, (17 de setembro) no dia 22 de setembro ele se apresenta no Coli Station do Rio, dia 24 em plena primavera, Drexler estará no Viva São Paulo e no dia 25 e 27 de setembro no auditório Araújo Vianna,

MaisPB – Vamos começar pelo tempo da tinta do álbum Tinta y Tiemp?
Jorge Drexler – Tinta y Tiemp são os dois ingredientes juntos com a folha em branco, que são os básicos da composição. Eu escolhi essa canção que dá nome ao disco, porque foi bem difícil para mim escrever e compor durante a pandemia.

MaisPB – Demorou mais saiu um dos melhores discos, que fala da vida da gente, da dor e do amor?
Jorge Drexler – Eu gosto muito de Tinta y Tiempo e estou muito feliz de conseguir ter feito ele assim. Por muitos meses eu achei que não conseguiria. O isolamento da pandemia, gerou uma ausência de vida interior também. Eu não sabia até que ponto para escrever música eu precisava da presença da outra pessoa. O isolamento é bom para o compositor, que ele fica sozinho, no meu caso que gosto de ficar com outras pessoas, esse isolamento foi uma espécie de morte social.

MaisPB – Muito tempo sem ver as pessoas queridas, familiares e os fãs, né?
Jorge Drexler – Sim, os familiares, amigos, mais gente, meu público, o que aconteceu com todo mundo. Escrever canções me afetou muito. Eu escrevia porque tinha muito tempo, mas não conseguia acabar as músicas. Estranho, né? A última parte das músicas eu achei que precisa de um ouvinte para completar e sem ouvinte eu não conseguia acabar o trabalho.

MaisPB – A faixa que abre o disco, El Plan Maestro, com Blads, a introdução começa com o som do contrafagote?
Jorge Drexler – O som que da introdução desta canção é o mais grave que um instrumento acústico pode produzir. É o Si Bemol do Contrafagote, o instrumento mais grave de uma orquestra clássica. É uma metáfora do magma (O magma é composto por uma mistura de rochas derretidas ou semifundidas e, às vezes, contém cristais abaixo da crosta terrestre. Quando esse material viscoso sobe no manto, mas não rompe a superfície, ele forma câmaras de magma sob vulcões)

MaisPB – Ah, então tem a força da natureza?
Jorge Drexler – Exato, do amor. 1.600 a 1.000 milhões de anos atrás, foi pela primeira vez que duas células independentes funcionaram para gerar um indivíduo que é uma mistura de ambas, o primeiro filho. Antes que isso, já tinham existido milhões anos de vida na Terra.

MaisPB – Suas canções sempre trazem novidades no jogo das palavras?
Jorge Drexler – Eu gosto muito das palavras. Tenho uma prima que é astrofísica, cientista venezuelana, ela que me deu essa ideia de fazer a canção focada na Era Mesoproterozóica, que vem daí a invenção do amor. Eu gostei desse ângulo de poder falar acerca do amor, sem que seja do amor romântico, podendo encontrar outra forma de amor, o amor como uma estratégia evolutiva, na biologia. Desde que o amor foi sentido na vida aumenta o potencial de variação, a biodiversidade aumenta muito, quando as células começam a misturar seus materiais genéticos.

MaisPB – Tem os arranjos de Fernándo Velázquez, que dirige a interpretação da Orquestra da Comunidade de Madri?

Jorge Drexler – Sim, Eu chamei ele para fazer uma música que nem entrou no disco, no final, ele trouxe esse arranjo da primeira música, arranjos de maestro e eu fiquei pensando: esse cara entendeu o colorido da natureza na música, que seria impossível com o pop. Ele pegou essa linguagem uma mistura de evolução com Aaron Copland e Gerchwnin. Ele entendeu a música, que entra como coautor da canção.

MaisPB – Como funciona na sua vida e no seu trabalho o algoritmo?
Jorge Drexler – A tecnologia sempre definiu a gente e a de hoje principalmente que é uma tecnologia algoritmia, a computacional, influi muito na decisão das pessoas. A gente consulta o algoritmo como se fosse um oráculo, para saber que caminho tomar, com quem namorar, que coisas combinam, esse mundo de opiniões que o algoritmo dar, o algoritmo participa muito da nossa vida

MaisPB – Vamos falar da participação da artista Noga Erez, na canção “Oh, Algoritmo”, a sexta faixa do disco?
Jorge Drexler – Eu a conheci na Internet. Um amigo disse, você vai gostar disso. Eu vi o trabalho dela no Instagram, mandei um direct e ela respondeu, dizendo que gostava da minha música e perguntou: vamos fazer algo junto? E claro que aceitei na hora. E ficamos no meio da pandemia conversando pelo zoom. A canção nós escrevemos em 2020 em julho, e se conhecemos há um mês agora, quando ela chegou a Madrid para cantar, na sua apresentação. Ela é incrível, é minha artista favorita agora.

MaisPB – Tinta y Tiempo está cheio de pessoas, que trazem no conjunto da obra, como você queria, né?
Jorge Drexler – O que acontece é que a pandemia nos fez ficar sozinhos por muito tempo. Quando sai da pandemia, a primeira música que eu fiz e que não entrou no disco, chama “La Guerrilla de la Concordia”, especificamente eu quis gravar com um coral de gospel de vinte pessoas no mesmo quarto, que era a coisa mais proibida na época, todos respirando junto e cantando. A solidão da pandemia me fez entrar no trabalho de equipe com muita força, eu queria estar com gente, com outros músicos, muita gente diferente. Eu queria um disco com a participação de muitos, por isso tanta gente.

MaisPB -Vamos falar da sacada da capa branca de Tinta y Tiempo ?
Jorge Drexler – Os três componentes da composição: a tinta, o papel e o tempo. Só faltava o papel, essa capa é uma homenagem à folha em branco, que é sempre a grande ganhadora da luta da composição. Eu mostro aí dez músicas, onde eu ganhei da folha em branco, mas tem outras 100 que perdi com a folha em branco.

MaisPB – A canção “Tocarte” abre portas do corpo e tem uma percussão com C. Tangana e seu filho Pablo, que é o produtor?
Jorge Drexler – Ah, Tocarte está baseada no funk carioca 150 PBM, é uma interpretação do candombe são atabaques que tem papel significativo na cultura do Uruguai dos últimos duzentos anos, é uma espécie do minimalismo do funk carioca. Sou um grande de muitos artistas do funk carioca

MaisPB – “Tocarte” é intimista, mas nos remete para arte em toda parte, daí vem a mistura do candombe com o funk carioca?
Jorge Drexler – Muito obrigado. É isso mesmo.

MaisPB – E a nona faixa, “Bendito Desconcierto” com Martins Buscaglia?
Jorge Drexler – O Martins Buscaglia é um dos meus compositores jovens favoritos, em espanhol. Ele é uruguaio como eu. Foi a única música escrita em Montevidéu – é um grande talento, eu recomendo a música dele, tem que conhecer. No Spotify e no YouTube que tem muita coisa produzida por ele, sua música é genial. Ele tem uma parceria com Arnaldo Antunes que é muito boa (o groove Cérebro, Orgasmo Envidia Y Sofia)

MaisPB – Quando começa a turnê de Tinta y Tiempo, que passará pelo Brasil?
Jorge Drexler – Temos novidades. Quero lhe dizer primícia de primeira mão, vou estar em Curitiba no Teatro Guaíra, 17 de setembro, 22 de setembro me apresento no Coli Station do Rio, dia 24 de setembro no Viva São Paulo e no dia 25 e 27 de setembro no auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre.

MaisPB – Você gosta muito do Brasil, né?
Jorge Drexler – Sim, muito muito amor pelo Brasil, é um amor que vem da minha família. Na verdade, parte da família da minha mãe vem do Brasil, eu falo português, nunca tomei aulas, aprendi sozinho cantando música. Sempre tive muita relação com a música brasileira.

MaisPB – Você está no novo disco “Portas” de Marisa Monte?
Jorge Drexler – Estou no disco novo e na turnê. Marisa é uma grande artista, ela canta no Brasil e eu estou sempre junto. Tenho outra novidade: o Tiago Iorc, depois de três anos sem cantar, é meu convidado para cantar nos meus shows na Espanha em outubro, em duas apresentações. Eu participo do disco dele, é um grande amigo. Também canto no disco da Ana Vitória

MaisPB – Já cantou com Caetano?
Jorge Drexler – Cantei com ele no Disco Voador (Rio) e ela canta no meu disco “Bailar En La Cueva”, a canção “Bolívia”, de 2012. Pra mim foi uma honra, fiquei muito feliz com a participação Caetano. Eu canto “Fora da Ordem” no disco Tribute to Caetano Veloso. Caetano é demais, um homem muito bom e inteligente, gosto muito da música, adoro ele. E toquei e cantei com Gal Costa a canção “Negro Amor, (uma versão de Caetano Veloso e Péricles Cavalcante, para a música It’s all over now, baby blue, de Bob Dylan). Outro dia Chico Buarque me ligou, me apresentou uma canção nova e eu fiz uma versão em espanhol para o aniversário dele, que foi lançada no Instagram do artista.

MaisPB – Já cantou no Nordeste?
Jorge Drexler – Sim, em Fortaleza, Salvador e Recife, preciso cantar em João Pessoa. Eu adoraria

Confere aqui Tracklist de Tinta y Tiempo

1. EL PLAN MAESTRO (com Rubén Blades)
2. CORAZÓN IMPAR
3. CINTURÓN BLANCO
4. TOCARTE (com C. Tangana)
5. TINTA Y TIEMPO
6. ¡OH, ALGORITMO! (com Noga Erez)
7. AMOR AL ARTE
8. EL DÍA QUE ESTRENASTE EL MUNDO

MAISPB


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