Ivete Sangalo fala ao MaisPB do retorno à avenida no Carnaval e de novo EP


 Já é carnaval, que o diga Ivete Sangalo, que lançou um EP com cinco canções para não deixar ninguém sentado. o EP #ChegaMais, (com selo da Universal) convoca os fãs para a retomada da folia, pós-pandemia, é o que existe de melhor do som na caixa. O registro ao vivo mergulha na novidade da música baiana, emanando alegria e um sentimento de celebração em torno de uma das maiores festas populares do mundo. Veveta “só dar dentro”.

É impossível não pensar em Ivete Sangalo quando  falamos no Carnaval da Bahia, essas manifestações que tomam conta do Brasil, multiplicadas pelo frevo, pelo axé e a energia da artista reflete muito do que a festa é.  EP “Chega Mais” está disponível nas plataformas.

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Gravado no último dia 5 de janeiro na Casa Pia em Salvador, Ivete reuniu mais de 600 fãs convidados, além de amigos, jornalistas, influenciadores e famosos. São cinco canções So Love’, ‘Batucada’, “Rua da Saudade’, “Cria da Ivete”, que abre o disco, e “Se Sai”, que brota do dialeto baiano. A primeira, a artista explica, é inspirada no pagodão baiano. “É uma declaração, também, de que nós mulheres podemos tudo, fazemos o que queremos. Isso é um direito que já temos instaurado em nossas almas, mas ainda é preciso educar os demais para que sejamos livres assim como os homens são para fazerem o que quiserem”.

Com Ivete nessas parcerias – Cria Da Ivete  dela, Samir Trindade/ Luciano Chaves,  “Só Love Na Cabeça”   (Ivete Sangalo/Radamés Venâncio/Gigi Cerqueira/Samir Trindade), “Rua da Saudade” (Ivete Sangalo/Radamés Venâncio/Gigi Cerqueira/Samir Trindade), Se Saia (Ivete Sangalo/Radamés Venâncio/Gigi Cerqueira/Samir Trindade) e Batucada (Ivete Sangalo/ Samir Trindade/ Gigi Cerqueira).

Com Ivete no som – Acompanhada por Leo Brasileiro (guitarra), Marcelus Leone (sax), Elbermario e Márcio Brasil (percussão), Rudney (trompete), Diego Freitas (bateria), Gigi (contrabaixo), Kainã do Gege (percussão), Paulo Ricardo – Cara de Cobra (percussão), Marcelo Sangalo Cady (percussão), Gilmar Chaves (trombone), Isabela Barbosa (backing), Camila Braunna (backing), Pablo Braunna (backing) e Radamés Venâncio (teclados).

Figurinos indicados pela cantora com o stylist Marco Gurgel, mostram as raízes do carnaval, com referências que misturaram elementos de fantasias antigas, como de soldado, pierrô, marinheiro, tudo o com o toque carnavalesco, luz, cor e brilho intenso – A jaqueta preta, foi bordada à mão – em tempo recorde, especialmente para Ivete usar na gravação, e foi executada por Michelly X. A jaqueta verde é Dolce&Gabbana, viu?

Em entrevista exclusiva ao MaisPBartista falou com muita força da alegria sobre o projeto, do carnaval, dos fãs que e das canções do EP que já está na boca do povo.

MaisPB – Esse EP já explodiu antes do carnaval?

Ivete Sangalo –  Primeiro, eu não lanço uma música para ser a música do carnaval, a canção tem uma importância para mim. Eu lanço ela, que toma uma vida própria. Mas sem dúvida nenhuma esse EP de Carnaval foi um sonho que eu tive. Na verdade, eu ia gravar um EP em estúdio, mas estava sem graça. Dormi e acordei com a ideia de fazer um EP – eu já tinha a imagem do cenário, do repertório, do que a gente precisava para gravar e foi bom demais.

MaisPB – Daí nasceu o “Chega Mais”?

 Ivete Sangalo – Sim, eu queria fazer um negócio para os fãs, para que eles estivessem pertinho de mim e, claro, veio o #ChegaMais, para ficarmos mais próximos, mais intimos e, o nesse “chega mais”, muita animação. Coração de mãe cabe sempre mais um, né?  Chamei minha equipe para fazer esse projeto. A princípio todo mundo ficou de cabelo em pé, (perto do dia 20 de dezembro) e era um momento em que todo mundo estava entrando de férias, mas resolvemos gravrar e está aí o #ChegaMais.

MaisPB – As canções são todas de agora?

Ivete Sangalo – Algumas foram feitas na pandemia – como “Rua da Saudade”, que é uma parceria minha com Radamés, Gigi e Samir. E veio “Cria da Ivete” e “Batucada”, que fizemos juntos, Luciana e Samir. “Batucada” eu Gigi e Samir. E resolvemos fazer e foi especial. Já incutidos neste projeto de fazer o carnaval e gravamos para os meus fãs, para quem me acompanha.

MaisPB – Haja felicidade, eletricidade, né Ivete?

Ivete Sangalo – Sim, estou muito feliz porque o resultado tem sido muito positivo. Quando eu ouvi, gostei muito. As pessoas, os amigos, familiares gostaram também. Eu mostro a uns fãs quando chego nos aeroportos  tem sempre uma turma grande lá, bota na caixa de som do carro, eles amaram e quando os fãs amam, é para mim o grande feedback. Gravamos no dia 5 de janeiro e já está aí nas plataformas digitais. Eu garanto, o carnaval de alegria para mim e para quem anda comigo,

MaisPB – Você tem buscado cada vez mais esse contato com o público?

Ivete Sangalo – Embora a gente tenha feito projetos mais íntimos, grandiosos, essa conexão não é determinada pelo espaço físico. Nesse  momento do EP, eu tive um sonho e eu já queria fazer, tudo bem responsável. Muita gente disse: “mas você vai fazer esse negócio agora?”  A gente tinha um lugar,  que poderia ter um controle maior para segurança de todo mundo e gravarmos. Os tamanhos dos eventos não determinam essa ligação com meu fã clube, eles estão mais próximos, até quem está mais longe, aquele lá no fundão, numa arquibancada, mas ele está completamente conectado comigo. A proximidade emocional não é determinada pela física. Isso é uma coisa que eu tenho com meus fãs de longas datas, desde que eu comecei a cantar, inclusive, aprendi isso com eles. Essa conexão está estabelecida e não há quem quebre esse elo.

MaisPB – O “Chega Mais”, é uma releitura dos antigos carnavais, um resgate ao axé das antigas?

Ivete Sangalo – Eu não diria que é um resgate, porque eu não estou tentando resgatar absolutamente nada. Estou fazendo a minha música. Essas canções são muito parecidas com as minhas coisas, e como elas, no carnaval tem muita força, também. É um disco para este momento. Eu acho isso tudo tão atual. Esse pagodão é um pouco eletrônico, mas o samba reggae sempre será novo. Toda vez que for gravado e regravado mil vezes, ele será algo muito novo e  como é o EP para o carnavalessencialmente  claves e movimentos, a questão rítmica , tudo feito para este momento. Mas não se distancia do carnaval da Bahia…

MaisPB  – No “Carnatal” já no fim do bloco, você puxou “Rua da Saudade” e jogou o microfone para o povo. Você poderia falar desse momento ?

Ivete Sangalo –  Como já falei, a música tem uma vida própria, a gente sente isso no momento em que se toca, ela se expande. De fato, ali no Carnatal, é uma festa eu que tenho uma relação emotiva muito grande com aquele lugar. Eu tive vontade de cantar essa música, porque ela foi feita num momento muito difícil das nossas vidas, a gente falou exatamente dessa nostalgia dos encontros, um viés emotivo muito grande, o arranjo dela e o que  ela conta, porque os amores de verão são aqueles que  a gente sempre compra passagem para ir  e nunca passagem  de volta, que a gente acha que vai casar com aquela pessoa e vai ter trezentos filhos… Eu embarquei. A gente estava com muita saudade disso, dos beijos, dos encontros das despedidas… Alí, no Carnatal, eu senti vontade de cantar com meu povo…

MaisPB – Na gravação do EP você inventou uma loucura e se jogou para os fãs…

Ivete Sangalo – Eu acho que o axé e o carnaval são parecidos com o rock’n’rol. Os shows de rock se assemelham muito ao show do axé, quando as multidões se movimentam  e é uma grande festa  e todo mundo pulando e cantando. Sempre achei rock’n’rol  muito semelhante no comportamento do público do axé. É a coisa que mais senti vontade a vida inteira, foi me jogar no público, sempre tive essa vontade. Eu disse a mim mesma, agora vou. Nessa ação eu senti vontade e fiz. Foi demais, eu sabia que poderia fazer aquilo, ali na platéia é tudo cria da Ivete. Pulei. foi uma sensação maravilhosa e eles me devolveram ao palco. Isso é  amor.

MaisPB – Vamos falar daquele dia em que você saiu de palhaço no carnaval?

Ivete Sangalo – Não tem igual aquela sensação que eu tive, vestida de palhaço no meio da rua e comprando coisa, correndo atrás do trio. Tem muitas coisas que eu tenho vontade de fazer e faço. Mandei fazer as fantasias, eu e meu marido e amigos, caímos nas ruas de Salvador. Na época da Banda Eva, desci muitas vezes do trio para dançar com o povo e eu não me arrependo. Tem muita coisa que eu tenho vontade de fazer e eu vou fazer.

MaisPB – Uma pergunta mais aberta sobre carnaval, pós pandemia. Muitos jovens vão curtir o primeiro carnaval. Você tem alguma coisa para dizer a esses jovens e também da memória do seu carnaval de rua?

Ivete Sangalo – Ah, não tinha pensado nisso…Quem tinha catorze agora tem 16, e quem tinha 16 agora tem 18. Eu quero dizer a eles que o carnaval é uma festa que propõe alegria, paz e diversão. É uma festa que embora aglomerada e tem aquelas manifestações todas, é uma festa do ser educado, só existe por isso, elas compreendem o sentido daquela festa. Quem está chegando que venha com esse sentimento de diversão, paz e tranquilidade. Corroborar com essa energia, namorar, cantar, botar o colar do Gandi, enfim, tudo de bom. Curtir tudo, do Pelourinho ao Circuito da Barra, além da oferta cultural que é o carnaval da Bahia. 

MaisPB – E a memória?

Ivente Sangalo – A memória do meu carnaval… painho e mainha não deixavam a gente ir para o carnaval, que éramos pequenos, começando na adolescência. Mas minha mãe me fantasiava. Eu tinha o carnaval com a banda Lordão, que era num clube, com meus pais e irmãos. Eu tenho memórias maravilhosas do carnaval. Teve um ano que não tínhamos dinheiro pra nada, mas painho deixou eu ir pra rua com meus irmãos, aí a casa caiu.. Na hora que eu vi o trio elétrico, a Banda Mel passando, foi demais. Então, nos anos seguintes eu passava as férias em Juazeiro e o carnaval em Salvador, foi quando eu descobri o poder do beijo na boca, aquela coisa toda. E a música, Luiz Caldas, Banda Mel, Daniela Mercury – ela, em cima do trio, inacreditável, Márcia Freire. Cada trio que passava era uma grande alegria. Eu me apaixonei e até hoje estou nessa.

MaisPB – De todas as canções do EP, “Rua da Saudade” tem um ritmo mais tranquilo – houve uma inspiração especial para esta música?

Ivete Sangalo –  Esse EP tem um gráfico muito claro para mim:  é como se fosse o percurso de Carnaval. Tem o ‘So Love’, que é um pagodão animado, para subir a ladeira, tem ‘Batucada’ e “Rua da Saudade “, que é exatamente o sentimento de quando acaba o carnaval. É aquele momento em que você se abraça e chora.  Rua da Saudade  que trata desse sentimento, você lembra dos amores todos, é um samba reggae mais romântico. Essa canção a princípio seria arranjada pelo maestro baiano Letieres Leite, que infelizmente a gente perdeu na pandemia.

MaisPB – Vamos fechar com “Cria da Ivete”, que tem uma pegada nova, tem algo a ver com as meninas do pop?

Ivete Sangalo – Na verdade, o Cria da Ivete é inspirado no pagodão da Bahia, na onda que o pagode imprime, e que naturalmente  vai  sendo absorvida pelo universo pop, que é maravilhoso. As meninas do pop  são incríveis, a gente se encontra sempre que é possível  e canta junto. Tem muita coisa pra ser feita ainda, muita gente massa pra gravar. Adoro as meninas Heloisa, Ludmilla, Anitta. Gravei com Glória, com Pablo. É tudo cria de Ivete. Enfim, o mundão de meu Deus.

MAIS PB


FALA PARAÍBA-BORGES NETO

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