Cemitério indígena é escavado no Cariri

 


Sítio arqueológico no município do Congo é o primeiro do Estado com vestígios de ossos com mumificação natural

A equipe do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia (Labap) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) iniciou o trabalho de escavação, exploração e estudo do cemitério indígena do povo cariri, recentemente descoberto na região da Toca dos Astros, município do Congo, no Cariri paraibano.

De acordo com o paleontólogo e arqueólogo Juvandi de Souza, esse é o primeiro sítio
arqueológico da Paraíba em que foram localizados vestígios de ossos com mumificação natural.
“Isso nos dá muitas possibilidades de realizar um grande projeto de estudo do povo cariri. Se eles tinham alguma incidência de doenças, idade e o sexo das ossadas encontradas, por exemplo”, afirma o professor Juvandi, que está à frente do Labap da UEPB.

No cemitério indígena da Toca dos Astros, ainda foram encontrados fragmentos de cerâmicas com características bem específicas, diferentes de todas as demais já encontradas na região.

A descoberta do local aconteceu há algum tempo, mas só no mês de fevereiro deste ano a equipe da UEPB obteve autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para realizar a coleta de materiais.

“Primeiro nós fizemos um estudo para avaliar a viabilidade da escavação, porque esse processo de certa forma é destrutivo. Além disso, também é necessário que a prefeitura nos dê condições e suporte”, diz Juvandi, que explica os próximos passos do projeto. “Depois de recolher os materiais, precisamos realizar a contagem, higienização, análise e, por fim, o tombamento. Inclusive, iremos solicitar ao Iphan que envie parte desse material aos Estados Unidos para que sejam realizados exames mais apurados, para determinar com maior precisão a data dos achados. Nosso principal objetivo com essa pesquisa é conseguirmos traçar o perfil cultural desse grupo”, salienta.

A expectativa da equipe do Labap é que, após a conclusão das análises, o material possa voltar para seu lugar de origem. “O ideal é que seja construído um museu com condições e estrutura
para receber e acomodar esses vestígios históricos, um patrimônio cultural e histórico incalculável”.

O município do Congo, com cerca de 4,7 mil habitantes e distante a 212 quilômetros de João Pessoa, dispõe de uma Secretaria do Turismo que ofereceu as condições para que a equipe de pesquisadores paraibanos, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
e Universidade do Ceará, realizasse todo o trabalho de escavação. “Outro ponto foram
as visitações da comunidade estudantil, num trabalho de conscientização em educação
patrimonial”, finaliza Juvandi.

Jornal da União


FALA PARAÍBA BORGES NETO 

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