Tutores investem no bem-estar e gastos com pets ultrapassam os R$ 800

 


“Pais de pets” é um termo mais carinhoso que ultimamente está sendo dado às pessoas que têm animais de estimação em casa. Mas esse termo não significa ter apenas um bichinho, além do carinho, os tutores devem ter cuidados com saúde, alimentação e tempo para brincadeiras e passeios para manter o animal saudável. 

Mas tudo isso tem um custo e está cada vez maior é o que mostrou uma pesquisa feita pela fintech Koin no final de março deste ano. A pesquisa detalhou que 50% das pessoas que têm animais de estimação gastam mais de R$ 200 por mês com os pets. Mesmo com os custos mensais, 95% dos participantes declararam que eles ajudam a reduzir o estresse e trazem felicidade.

As entrevistas foram feitas com 250 pessoas e 92% delas possuem bichos em casa. Sendo Norte (9,6%), Nordeste (10,5%), Centro-Oeste (12,3%), Sul (14,2%) e Sudeste (53,4%). Referente à faixa etária dos participantes entre 18 e 24 anos ( 2,7%); entre 25 e 34 (16,4%); entre 35 e 44 (32,9%); entre 45 e 54  (28,3%); entre 55 e 64 anos (17,8%); e  tinham 65 anos ou mais (1,8%).


Os que gastam mais de R$ 200 são 56%, enquanto os que desembolsam menos de R$ 50, apenas 5%. Dos entrevistados, em sua maioria pessoas de 35 a 44 anos, 83% são donos de cachorros e 37% de gatos.

A servidora pública, Érika Bruna Agripino, está entre os brasileiros que têm um gasto mensal com o animal de estimação. Ela é tutora de um cachorro da raça golden retriever e gasta por mês entre R$ 700 e R$800 com alimentação, banho, tosa e aulas semanais de adestramento. De acordo com ela, o valor ainda não incluiu consultas ao veterinário e remédios quando é necessário. 

“O Doc tem dez meses e pesa 37kg como é um cachorro de grande porte, os valores dos serviços são todos calculados no peso dele. Por conta disso, os custos são bem mais altos”, ressaltou.

Se tratando dos cuidados com a saúde dos animais de estimação, 45% dos pesquisados responderam que fazem uma consulta anual com o veterinário e 13% só quando é necessário fazer algum procedimento. O convênio médico só é uma realidade para 16% dos tutores.

Com o primeiro animal de estimação, uma cadela também da raça golden, Bruna teve além de gastos um desgaste emocional devido a gravidade dos problemas que a Phoebe, como a cadela era chamada, apresentou. 

“Com 10 meses ela teve problemas neurológicos graves, teve convulsões, perda de movimentos, passou vários dias internada e transferida para fora do estado. No auge da doença, com ela daquele jeito, a gente só queria achar uma resposta e uma solução, então passamos cartão pra muitas coisas. Um dos pacotes de tratamento, internação, fisioterapia, era na faixa de R$1 mil e foram vários meses assim, fora os medicamentos”, explicou.

Após o longo tratamento, a golden se recuperou totalmente, mas meses depois, o quadro neurológico voltou de maneira fulminante e em poucas horas ela veio a óbito com apenas um ano e cinco meses.

“Não pedimos autópsia porque foi tudo muito repentino e sofrido pra gente, e também ia ser mais um gasto que, nesse caso, não ia trazê-la de volta. Fizemos a cremação, que também teve um custo bem elevado, por conta do peso dela, uns R$ 700,00”, explicou.

Mesmo com todos os custos, Bruna relatou que conviver com seu cachorro lhe trouxe alegria e a capacidade de viver mais o presente. 

“Eu sempre digo que a gente era feliz sem um pet, mas o diferencial de ter um é a alegria que a gente sente ao chegar em casa e ser recebido por ele, ou brincar, ou sair pra passear e conhecer lugares novos. Ele nos estimula muito a viver e aproveitar o presente”.

Principal despesa dos gatos é a ração



A pesquisa constatou ainda que os donos de gatos, cerca de 37% do total, têm a ração como principal despesa. Essa é a maior despesa da jornalista Cláudia Carvalho com os felinos Claus, Carenina, Chico e a recém integrante Nita.
Um dos gatos, o Claus, o mais apegado a tutora, foi diagnosticado em janeiro deste ano com problemas renais e precisa de uma alimentação diferenciada. O valor gasto só com esse tipo de ração custou R$308 que dura em média apenas dois meses.  

"Consegui comprar no valor mais em conta pela internet, pois aqui nas lojas de ração apenas 1kg custa em torno de R$ 110. A ração é apenas para o Claus, porém os outros irmãos amam a ração dele e acabam comendo também", comentou.
Além da ração especial, Carvalho ainda compra R$150 de ração seca para os outros três gatos e R$75 em sachês. Mas apesar dos gastos com alimentação, a tutora quase não  teve gastos com consultas no veterinário.

"Meus gatos raramente adoecem e eles também não têm acesso à rua. Portanto, são muito saudáveis. Foram ao veterinário poucas vezes na vida. Quase sempre porque comeram um inseto que entrou em casa", disse.

Mesmo com os gastos com a alimentação e tempo de cuidado com os felinos, Cláudia relata que o amor e o respeito entre ela e os bichinhos é muito gratificante.

"A maior missão que eles transmitem é que eles não fazem diferença entre rico e pobre, independente do que você está sentido eles apenas retribuem o que cada um transmite a ela, se você dar carinho você vai receber muito mais carinho e respeito. O gato é bem diferente de demonstrar afeto, pois nós temos que respeitar o espaço deles, fazendo isso, ele vai amar você de uma forma inexplicável", comentou.

O médico veterinário Ênio Cordeiro trabalha em uma clínica veterinária em João Pessoa e afirma que os tutores de animais de estimação estão cada vez mais procurando serviços de veterinários e pet shops. No entanto, os cuidados preventivos ainda não fazem parte das rotinas dos donos de animais de estimação.

“A nossa cultura de rotina médica preventiva não é uma realidade no Brasil, então a grande maioria dos atendimentos são em pacientes doentes. Os gastos aumentaram devido ao aumento da inflação e tributação, mas mesmo assim, os tutores estão dispostos a cuidarem melhor de seus pets mesmo que para isso precisem de um aporte financeiro maior”, detalhou o Ênio.


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