Festa no esgoto: o novo cheiro da moda recifense?


Recife é conhecida por transformar o improvável em cultura — do maracatu às pontes grafitadas, do frevo no asfalto às raves improvisadas nas palafitas. Mas a mais nova tendência que circula pelas redes sociais parece levar essa criatividade a um novo (e literal) subsolo: as chamadas “festas no esgoto”.

O nome é provocativo, e a ideia também. Jovens recifenses têm ocupado espaços subterrâneos, canais abandonados e passagens sob viadutos para celebrar longe dos holofotes e das fiscalizações. O som alto, as luzes improvisadas e o clima de transgressão viraram o símbolo de uma geração que não encontra espaço — nem econômico nem físico — para se divertir na superfície da cidade.

Nas redes, os vídeos dividem opiniões. Alguns veem ali uma expressão autêntica da cultura de resistência urbana, um grito de liberdade entre as rachaduras do concreto. Outros, porém, enxergam apenas degradação e risco: “Isso está cheirando mal — e não é só no sentido figurado”, ironiza um leitor indignado.

O fenômeno levanta uma questão que Recife insiste em empurrar para debaixo do tapete — ou, neste caso, para dentro do bueiro: que cidade é essa onde o lazer popular precisa se esconder no esgoto para existir?



FALA PARAÍBA BORGES NETO 

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