Brasil entra em 2026 pisando no freio, mas Paraíba segue acelerando; entenda o contraste
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Com a Taxa Selic estacionada em 15%, o Brasil entra em 2026 em ritmo de desaceleração, num ambiente que os economistas chamam de “política contracionista”. Em tradução livre, um modo de frear a economia para controlar a inflação. O impacto direto aparece na queda do consumo, no crédito mais caro e na redução do fôlego das empresas para investir.
Segundo Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, o primeiro semestre ainda será de aperto, mas com perspectiva de alívio a partir de março, quando deve começar um ciclo de cortes de 0,5% a cada reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM). A expectativa é que a inflação mais comportada e a atividade econômica perdendo força permitam ao BC iniciar uma trajetória de normalização dos juros, ainda lenta, mas relevante para o segundo semestre.
O economista Rodolfo Margato afirma que a renda fixa seguirá como um excelente investimento. (Foto: Divulgação XP). Plínio Almeida
O contraste da Paraíba
Enquanto o cenário nacional segue pressionado, a Paraíba se mantém como um ponto fora da curva, registrando resultados acima da média do país. Em 2025, o estado deve registrar crescimento no PIB de 5,5%, segundo estudo do Banco do Brasil, enquanto o Brasil deve alcançar apenas 2,2% e o Nordeste, 1,8%. A Paraíba terá destaque regional com o crescimento industrial: 7%, contra o 1,6% nacional e apenas 0,2% do Nordeste. O estado registrou, ainda, abertura recorde de empresas e alta nas exportações. Segundo o Governo da Paraíba, mais de 59 mil novos negócios foram abertos até novembro de 2025, um avanço de 23% em relação ao ano anterior. No comércio exterior, a Paraíba aparece entre os estados com maior potencial de expansão. Um estudo lançado em dezembro pela ApexBrasil identificou 1.655 oportunidades de exportação para produtos locais, reforçando a tendência de internacionalização da economia paraibana.
Onde investir seu dinheiro?
Para o investidor comum, o cenário de juros altos continua favorecendo a renda fixa. Aplicações atreladas ao CDI, como CDBs, fundos DI e o Tesouro Selic, permanecem entre as opções mais seguras. Em 2025, o Tesouro Selic acumulou cerca de 11,12% de rentabilidade em 12 meses, refletindo diretamente a Taxa Selic elevada. Quem busca proteção contra a inflação pode recorrer ao Tesouro IPCA+, que chegou a ser ofertado no início de 2025 com taxas próximas a IPCA + 6% ao ano em alguns vencimentos, segundo o Tesouro Direto. Já para perfis mais agressivos, Margato aponta oportunidades em multimercados macro e quantitativos, que costumam capturar bem períodos de oscilação dos juros e do câmbio, além de setores da Bolsa mais resilientes — como energia, saneamento, bancos e empresas que, em 2025, estiveram entre os que mais distribuíram dividendos aos acionistas, com retornos anuais acima de 8% em algumas empresas, segundo dados amplamente divulgados pelo mercado financeiro.
A estratégia do Banco Central começa a surtir efeito, abrindo espaço para uma queda gradual dos juros ao longo de 2026.Rodolfo Margato – Economista da XP Investimentos
Equação Política x Economia
No campo político, 2026 começa sob tensão moderada. “No cenário base, que consideramos o mais provável atualmente, o ambiente político segue ruidoso, mas sem rupturas institucionais. A política monetária permanece restritiva por mais tempo, os juros começam a cair de forma lenta e gradual, e a economia cresce em ritmo moderado, com a renda fixa mantendo papel central nas carteiras”, afirma Rodolfo Margato. Mas no Brasil é sempre importante considerar um pior cenário, nem de longe descartável, com o acirramento político e gastança governamental sem freios. Aí passaríamos à deterioração fiscal, com a Selic alta por mais tempo, segurando o crescimento do país e elevando a volatilidade no mercado financeiro.
O certo, até aqui, é que em um país que tenta equilibrar inflação, juros e confiança em pleno ano eleitoral, a Paraíba segue como exemplo de resiliência econômica. E com um indicativo de que, mesmo com o freio nacional puxado, alguns motores regionais continuam acelerando.
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