Tarifa de Trump: Haddad vê ataque político e cobra soberania nacional

 


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira, 10, que diversos setores econômicos já estão procurando o governo federal para tentar encontrar uma solução para a tarifa de 50% aplicada pelo governo de Donald Trump sobre as importações brasileiras. Na visão do ministro, a medida não tem fundamento econômico e é um “tiro no pé”.

“Os setores econômicos hoje estão de cabelo em pé, buscando apoio do governo para buscar uma solução por um problema criado por uma família”, disse durante entrevista nesta quinta-feira, 10, a um grupo de veículos de comunicação.

Haddad reforçou que a medida anunciada por Trump não tem respaldo econômico e que há consequências para os dois lados. Além dos produtos exportados para os Estados Unidos, que ficarão mais caros, o ministro lembra que isso irá afetar as cadeiras produtivas. O exemplo dado foi com a Embraer, que compra peças de empresas americanas para fabricar os aviões que depois serão vendidos aos EUA.

Criticou ainda a atuação da família Bolsonaro, em especial do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA em busca de apoio para que o ex-presidente Jair Bolsonaro consiga uma anistia em relação aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

“Isso é para escapar do processo que está em curso. A única explicação é de caráter político. Não é infundado dizer isso. Eduardo Bolsonaro disse em público que se não vier um perdão, as coisas (para o Brasil) podem piorar. Esse é um golpe contra o Brasil, contra a soberania nacional”, disse.

O ministro ressaltou ainda que a tarifa de 50% atinge diferente setores, como os produtores de alimentos e de produtos manufaturados, destacando os efeitos para a indústria paulista – em uma menção clara ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que atribui ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a responsabilidade pela taxa imposta por Trump.

“O governador errou muito. Ou é candidato a presidente ou é candidato a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem. Isso acabou em 1822. O que se pretende aqui é ajoelhar diante de uma agressão unilateral, sem fundamento político, fundamento econômico”, disse.

Haddad disse que apesar do “mau dia”, acredita que será possível negociar para rever a medida, uma vez que ela não reflete o equilíbrio entre os dois países.

Para ele, uma guerra comercial não ajuda a ninguém e que o Brasil irá continuar defendendo o multilateralismo e que o Brasil deve aproveitar as oportunidades com pragmatismo.

Veja



FALA PARAÍBA-BORGES NETO

Comentários